Confesso que mal vi este anúncio da crioestaminal fiquei um bocado chocada, até me deu vontade de chorar, só de pensar na quantidade de pais que estariam a ver o anúncio e a ficar com sentimentos de culpa por não terem feito a criopreservação aos filhos porque, ou não sabiam que existia ou porque não podiam mesmo pagar um serviço tão caro. Daí que achei que era minha obrigação, pelo menos tentar, esclarecer o que é que se passa no “mundo” da criopreservação.

 O que é a Criopreservação?

A criopreservação é um processo de congelação a temperaturas criogénicas (normalmente recorrendo a azoto líquido). Para que o processo seja mais eficaz e a recuperação e viabilidade das células criopreservadas após descongelamento seja  a melhor possível torna-se essencial o seu isolamento a partir do seu tecido original e a sua  preservação a temperaturas abaixo dos -150ºC.
Desta forma, o processo de armazenamento das células estaminais isoladas a partir do sangue do cordão umbilical (células estaminais hematopoiéticas) é iniciado com a redução de volume da amostra. Neste processo são separados os glóbulos vermelhos e o plasma pobre, das células estaminais. Esta redução é efectuado por forma a diminuir o volume final de armazenagem e permitir utilizar menores quantidades de DMSO (um criopreservante que impede a destruição das células a temperaturas baixas).
À chegada ao laboratório, é retirada uma amostra de sangue para determinar a viabilidade das células do sangue de cordão umbilical e o número de células estaminais hematopoiéticas.
O processo de armazenamento das células estaminais isoladas a partir do tecido do cordão umbilical (células estaminais mesenquimais) inicia-se com a separação destas células das restantes células que fazem parte do cordão umbilical, através de uma digestão enzimática do cordão. Estas células são posteriormente colocadas num meio de cultura que permitirá a sua multiplicação.
Após a separação das células estaminais inicia-se o processo de criopreservação com descida controlada da temperatura. Após esta operação, a amostra é mantida em tanque de azoto líquido durante o tempo de duração do contrato ou até ser requisitada.
As células são então criopreservadas.

Actualmente é possível fazer o isolamento e criopreservação das células do sangue do cordão umbilical utilizadas em doenças do foro sanguíneo, com a criopreservação das células estaminais do tecido do cordão umbilical, acrescendo aplicações terapêuticas que incidem principalmente na regeneração de tecido, nomeadamente, da pele, tecido ósseo, cartilagem, músculo e tecido nervoso.

As células estaminais do tecido do cordão umbilical são separadas do tecido, concentradas e purificadas por cultivo e criopreservadas em suspensão, garantindo a viabilidade e competência celulares e um elevado grau de qualidade e pureza das células mesenquimais obtidas.

Quais os principais objectivos?

O principal objectivo imediato da criopreservação das células estaminais do sangue do cordão umbilical é o seu uso em transplantação humana. A Investigação Científica com as células estaminais para tratamento de muitas doenças no âmbito da Medicina Regenerativa, é o segundo grande objectivo.

Durante quantos anos é possível criopreservar a amostra?

Durante o tempo que quisermos, segundo o estado da arte actual, 15-25 anos. Vários factores como a resistência das células podem determinar evoluções diferentes nas diferentes amostras. Não sabemos nem podemos garantir que essas amostras estejam todas nas condições ideais para usar, ao descongelar.

Em todo o Mundo, quantos transplantes já foram feitos com recurso a células estaminais do cordão umbilical?

Mais de 20.000 nas estatísticas oficiais.

Quais as doenças que podem ser "curadas" a partir das células estaminais do cordão umbilical?

O transplante com células estaminais do sangue do cordão tem sido usado no tratamento de uma variedade de doenças genéticas, hematológicas, imunológicas e oncológicas. São exemplo algumas leucemias (linfocítica e mielóide), linfomas (Hodgkin e não Hodgkin), algumas anemias (anemia aplástica, anemia de Fanconi) mieloma múltiplo, tumores sólidos (Neuroblastoma), hemoglobinopatias (anemia de células falciformes, talassémia) ; Imunodeficiências (Doença granulomatosa crónica, imunodeficiência combinada grave, sindroma Chediak-Higasi, doenças linfoproliferativas, síndroma de Kostman).
Estamos, no entanto, a falar na generalidade de doenças tratadas com células de Bancos Públicos, já que todas as doenças que tenham alterações genéticas não podem ser tratadas com as células do próprio.

Quais as possíveis aplicações, no futuro, das células estaminais?

As aplicações futuras das células estaminais encontram-se ainda em fase de estudo. A reconstrução do tecido cardíaco, osso e cartilagem, a diabetes, a esclerose múltipla ou doenças do foro neurológico são exemplos. Os estudos noticiados carecem de replicação e de validações científicas. A maioria das doenças que beneficiariam de medicina regenerativa aparece entre os 50 e os 70 anos. Não se sabe se as células criopreservadas aguentam esse tempo. As células estaminais também podem ser colhidas no próprio doente adulto em muitos casos.

Estas são as perguntas mais frequentes relativamente à criopreservação, sendo que os Bancos de células privados dão a garantia de até 25 anos as células estarem reservadas exclusivamente para quem lá as colocou, sendo que já há casos de terem sido usadas para doenças de irmãos e até mesmo dos pais ( no caso das células do tecido do cordão umbilical) essencialmente em reconstrução de tecido cardíaco, osso e cartilagem, diabetes, esclerose múltipla, entre outros. (As 81 aplicações estão disponíveis aqui: http://www.crioestaminal.pt/pt/pdfs/aplicacoes_atuais.pdf)

Para mim os melhores bancos de células que devem levar em conta são os que estão esquematizados na tabela seguinte:

empresa  células sangue  células tecido recolha kit preço kit nº anos preço sangue preço sangue + tecido prestações contacto
Cytothera Sim Sim Todos os dias 25 € 25 980 € 1.800 € 9 meses s/ juros 800204141
Bébé Vida Sim Sim 2ª a sabado 75 € 25 995 € 1.695 € 10 meses s/juros 707200103
Crioestaminal Sim Sim Todos os dias 90 € 25 945 € 1.695 € 10 meses s/juros 808267326
Lusocord Sim Não envio pago pelos pais gratuito s/exclusividade gratuito gratuito n.a.
No entanto, para quem não tem possibilidade de investir esse dinheiro, há sempre o banco público : LUSOCORD, sediado no Porto, é uma enorme mais valia para os tratamentos à base de células estaminais, e porquê?

Quais as aplicações actuais para as células estaminais do cordão umbilical dos Bancos Públicos?

Actualmente estão a ser utilizadas no tratamento de doenças malignas do sangue como leucemias, doenças do sistema imunitário, em algumas doenças genéticas, sobretudo do sangue e outras doenças muito raras. Estão em estudo experimental outras formas de aplicação.

Qual a probabilidade de um dador beneficiar da amostra recolhida aquando do seu nascimento?

A probabilidade de um dador beneficiar é uma combinação de vários factores, calcula-se seja inferior a 0,1%. Se houver muitas dádivas e colheitas com grande volume de sangue do cordão umbilical, a probabilidade de todos os doentes beneficiarem do Banco e conseguirem um transplante compatível aumenta e o benefício é maior para todos.

Qual a probabilidade de um doente encontrar, nos bancos públicos internacionais, uma amostra compatível?

Não é possível falar de uma probabilidade única, porque as características genéticas do doente podem ser mais ou menos comuns. A probabilidade será tanto maior quanto mais dadores houver. As hipóteses de encontrar alguém geneticamente compatível aumentam com o número de dadores.

Quem doa uma amostra para o LusoCord está a disponibilizá-la também para outros doentes a nível internacional?

Os bancos públicos têm como único objectivo tratar doentes. O tratamento dos doentes faz-se em rede mundial e os bancos públicos disponibilizam as amostras para os doentes, seja qual for a sua nacionalidade, raça ou credo. Actualmente existem mais de 400.000 unidades na rede. A maioria dos doentes Portugueses foi transplantada com dádivas internacionais.

Quem faz a doação tem algum direito sobre a amostra?

Quem faz a doação não tem direitos especiais sobre a amostra, tal como nas dádivas de sangue. O Transplante com as próprias células raramente é a melhor solução.

Qual é a probabilidade de a amostra estar disponível quando eu precisar dela?

provável é que estivesse guardada.

O que é uma dádiva dirigida?

É uma colheita que se faz quando há um familiar doente que possa ser tratado com um transplante de SCU e nesse caso o SCU é criopreservado e guardado para esse doente, se houver compatibilidade que o justifique.

Quantas doações já foram feitas ao LusoCord? O processo implica algum pagamento?

Até Dezembro de 2010 , cerca de 11000 dádivas e 5000 amostras criopreservadas para transplante.O processo é gratuito.

Por isso Pais e Mães deste País, se algum dia ouvirem esta pergunta de algum dos vossos filhos não desesperem, podem sempre fazer uma criopreservação privada para um 2º ou 3º filho ou pelo menos contribuir para este fantástico LUSOCORD, que está disponível a toda a gente e, espero que não, mas se precisarem terão um Mundo de amostras disponíveis para vos tentar resolver o problema.

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