A gravidez e o nascimento de uma criança são momentos de alegria, mas também de muitas novidades. Para uns pais de 1ª viagem tudo é novo e por muitas aulas de preparação para o parto que se façam, nenhuma ajuda a lidar com o turbilhão de sentimentos que existe nesse período.

A Mãe, por natureza, é aquela de quem se espera que tenha uma apetência natural para saber tratar do bébé, mas a realidade não é assim...

Tudo começa no momento em que, logo após o parto nos colocam o nosso bébé nos braços ( seja imediatamente a seguir ou um tempinho depois) e vem uma enfermeira que pergunta: quer amamentar, certo? E nós, mesmo um pouco inseguras, dizemos: " Claro que sim! Quero o melhor para o meu bébé!"

Pois é, mas o bébé não nasce ensinado e não sabe mamar!! Temos de ser nós e colocar-lhes a maminha na boca e forma que eles se encaixem e comecem a mamar! Pior... O momento da pega dói um bocado e ninguém nos prepara para isso! Mas a realidade é que os momentos que se seguem são maravilhosos! Enquanto estamos a amamentar, sentimos que estamos a fazer completamente o nosso papel de mães e somos as únicas que o podemos fazer! Aquela ligação e o miminho com o nosso bebé é indiscritível!!

Mas fora desse momento aparecem as noites mal dormidas, a muda da fralda, o 1º banho, o escolher a roupa ( mais ou menos vestido) e aqui começam os problemas! Nós estamos frágeis (porque um parto, apesar de muito natural é uma cirurgia) e precisamos de apoio TOTAL, principalmente do pai da criança!

Infelizmente, na grande maioria dos casos não é assim, e não é por mal, o pai também quer cumprir bem o seu papel e não sabe como fazê-lo. Só que aí entra a família toda, a mãe, a sogra, as tias, as primas e todas as outras pessoas que se acham no direito de dar opinião só porque já tiveram filhos. Aí o Pai ouve, põe em dúvida o que estão a fazer e a Mãe começa a questionar-se profundamente! O pior desta situação é que a Mãe, por estar muito fragilizada e com as hormonas totalmente alteradas fica muito infeliz e extravasa a chorar compulsivamente, aparentemente sem motivo e tem constantes alterações de humor, que o Pai, por vezes, não compreende.

É nesta fase que faz falta a Mãe escolher uma pessoa para seguir os conselhos e SÓ uma! Seja a pediatra do bébé ou geralmente a avó materna (com quem tem mais à vontade mesmo para dizer que não vai fazer assim!). É muitíssimo importante que nesta fase o marido "afaste" as criticas, e que a família e amigos saibam também o seu lugar. Não é por acaso que há uma percentagem enorme de divórcios, em jovens casais, logo após o primeiro filho.

É importante reter que cerca de 80% das gravidas passa por esta fase critica e que felizmente só 20% evolui para uma depressão pós-parto. Mas isso é porque a Mãe arranja alguém em quem se apoiar e que a ajuda a superar esta fase (são geralmente os primeiros 3 meses os mais críticos). Se tiverem estes "sintomas" e ninguém que vos dê a segurança de que precisam, procurem um psicólogo especializado. Não é vergonha nenhuma!!

A entrada na depressão pós-parto é muito complicada, as mulheres começam-se a isolar, a deixar de ligar ao bébé, por acharem que não têm capacidade de tratar dele, e a deixarem de cuidar delas próprias, passando horas no quarto sozinhas e a chorar!

Eu tive contacto com um caso destes há 5 anos. A senhora deixou de sair de casa, era o marido que tratava de tudo, mesmo estando a trabalhar, e a mercearia e a farmácia que iam mesmo a casa entregar tudo o que precisava. A senhora mal amamentou, porque com o stress o leite secou e o bébé não tinha uma mãe para lhe dar o mimo de que precisava!! Mesmo com anti-depressivos e calmantes a situação prolongou-se... Foi muito triste, o marido estava com ela já só por pena e pelo bébé.

Lembrem-se, é normal que uma mãe de primeira e até de segunda ou terceira viagem passem por isto. Mas é imprescindível que tenham uma estrutura de suporte, profissional ou não, a quem recorrer! Peçam ajuda! Não tenham vergonha!

E aproveitem o vosso bébé ao máximo!!

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